Número de unidades em estoque subiu de 27 mil para 28 mil

Segundo o Secovi-SP, a oferta equivale a um estoque para 23 meses –
considerando a média de 12 meses de vendas, que é de 1.230 unidades. A oferta,
explica o sindicato, corresponde a imóveis residenciais novos na planta, em
construção e prontos (de um ciclo de produção que conta os últimos 36,
lançamentos entre maio de 2012 e abril de 2015).
Para Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, a economia e a
situação institucional atual do Brasil são complicadores para um mercado que
vem patinando, depois de viver dias de glória, com grande oferta e preços
abusivos, mas de grande liquidez possibilitada pelo bom momento econômico
recente. “Precisamos que a confiança seja retomada, para que haja um inflexão,
uma mudança de rumo no setor. Por conta da conjuntura ruim, de inflação e juros
em alta, falta de crédito e insegurança com nível de emprego, estimamos
uma redução de 25% nos lançamentos neste ano”, conta o economista.
De 2010 para 2014, o estoque na cidade, principal mercado habitacional
do País, cresceu 250% e a velocidade de venda acompanhou o pessimismo,
gradualmente.
“Chamamos de oferta não vendida, outros chamam de encalhe. Esses números
representam o fluxo do mercado hoje e é impossível negar que 2015 e 2016 serão
anos muito difíceis. É claro que queríamos estar com o movimento de 2010,
quando os estoques eram de 8 mil unidades.”
Segundo dados do Secovi-SP, a velocidade de vendas, indicador que mede o
desempenho entre a comercialização e a oferta de imóveis novos em determinado
período, é de 42% neste ano (janeiro a abril), ante os seguintes percentuais:
2014: 51,9%
2013: 62,6%
2012: 60%
2011: 64,4%
2010: 75,7
“A única alta que interrompeu momentaneamente o recuo na velocidade
ocorreu em 2013, quando houve uma grande procura pelos apartamentos de um
dormitório, com boa localização, atendendo a um público específico”, explica
Petrucci.
Compra com 13º salário
Em um ambiente no qual os negócios ficam raros, as construtoras estão
usando a criatividade ou voltando às antigas formas de financiamentos para vender
os estoques do mercado imobiliário. Para aumentar a velocidade de vendas de um
empreendimento em Osasco, a Construtora e Incorporadora Danpris está vinculando
a entrada ao pagamento do 13º salário do comprador.
“Queremos melhorar as vendas e para isso estamos usando a criatividade.
O comprador faz o contrato agora e paga mensalidades a partir de R$ 499, quando
chegar em dezembro, ele paga a entrada. O negócio fica invertido no primeiro
momento, mas depois se acerta o passo”, explica Dante Seferian, diretor da
Danpris, empresa que há 40 anos atua na zona oeste de São Paulo e em Osasco.
Para João da Rocha Lima, professor titular de Real Estate da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, o encalhe de imóveis residenciais
hoje é falta de confiança. “O mercado residencial é feito de gente que compra
uma única vez. A decisão de compra ocorre de uma forma lenta e tem de ter
fundamento na confiança. O cenário atual, de escassez de poupança e
dificuldades de liberação de crédito pelos bancos, faz com que as pessoas
pensem muito antes de tomar a decisão de fazer um financiamento que impacta de
20% a 30% do orçamento ao longo de 20 anos ou mais”, pondera.
O professor explica que os indicadores de mercado impedem a recuperação
da confiança e a previsão de melhoras no curto e médio prazos. “Está
imprevisível como a estimativa do PIB [Produto Interno Bruto]. Fizemos
projeções bem conservadoras, mas a realidade tem sido ainda pior. No caso dos
imóveis comerciais corporativos, por exemplo, o nível de vazio [ociosidade]
está perto de 30% neste semestre, com preços de aluguéis despencando. Para que
o investidor volte a colocar dinheiro no segmento comercial, o nível de vazio
tem de ser 10%. Estamos bem longe disse e acredito que a crise do setor ainda
leva uns cinco, seis anos para ser superada. Eu previa o fundo do poço para
2015, mas se o segundo semestre começar ruim como foi o primeiro, terei de
adiar a previsão de fundo do poço para 2016.”
Rocha Lima aponta ainda uma consequência do mal resultado. “Há um
aumento no número de distratos [rompimento de contrato] hoje porque as empresas
venderam empreendimentos há três anos e estão entregando agora. Aí, quem
comprou há três anos vê que o imóvel hoje vale menos do que o acordado lá atrás
e não quer perder dinheiro, desfaz o negócio. Por outro lado, tem o aumento da
taxa de juro e redução de crédito. Há uma inadequação entre o mercado passado e
hoje. Já a pessoa que compra hoje fica se questionando se está pagando caro, se
preços vão cair no futuro próximo. É a avaliação do risco e da perda de
dinheiro que inibe e acentua o período negativo do mercado.”
Fonte: ig economia
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