segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Bairro nobre de São Paulo tem favela dentro da favela

Casa em comunidade no Morumbi chega a custar R$ 300 mil.
Famílias ocuparam terreno do Estado e pedem um conjunto habitacional.


Na cidade mais populosa do país, falta habitação para tanta gente. Em um dos bairros mais nobres de São Paulo, quase mil famílias acampam em um terreno do governo federal porque não conseguem moradia nem na favela.
Eles são vizinhos do luxo. A comunidade está incrustada em um dos bairros nobres de São Paulo: o Morumbi, onde o metro quadrado custa mais de R$ 5,6 mil. De acordo com a Associação de Moradores de Paraisópolis, hoje são cerca de cem mil habitantes. Eles vivem em um lugar que tem de tudo: comércio, escolas, mercados. Funciona quase como uma cidade. E é por isso que morar no local não é barato, ainda mais para quem depende de salário mínimo.
Helena é corretora de imóveis na comunidade e já vendeu casas bem caras. “O mais caro varia entre R$ 200 mil e R$ 300 mil”, diz.
Mas hoje é difícil de encontrar imóvel para comprar, e, para alugar, nem pensar.
“O aluguel realmente está uma coisa fora do normal, vamos dizer. Não está encontrando aluguel, vai para um bairro mais próximo. Não tem mais espaço”, explica a corretora de imóveis.
Muita gente que vivia por lá ficou sem ter onde morar. E há uma semana algumas dessas famílias ocuparam um terreno do governo federal, que fica entre Paraisópolis e as mansões do Morumbi.
“Nós estamos aqui com 970 famílias locadas neste espaço e mais uma lista de espera que a tendência só está crescendo. Até então, 600 pessoas na lista de espera já”, diz um representante.
Para montar as barracas, as famílias usaram pedaços de bambu e lona preta. E em algumas foram colocadas placas com o nome da pessoa que mora. Cada barraca ocupa um espaço de dois metros quadrados, em média, onde vive uma família inteira. 
Juvanete foi para o local com dois filhos e o marido porque não conseguia mais pagar o aluguel de R$ 450 em Paraisópolis. “A gente atrasa o aluguel, mas se fosse para pagar em dia o aluguel passaria fome, porque não tinha como”, declara.
“Eu estou aqui porque eu preciso de uma moradia. Pagava R$ 450 de aluguel não está dando. Eu ganho R$ 1,2 mil por mês, aí vem feira. Eu tenho dois filhos”, diz um morador.
Como as barracas onde as famílias estão acampadas são muito pequenas, foram construídas cozinhas comunitárias. Quatro pessoas tomam conta, preparando as refeições que vão ser servidas para as 970 famílias que estão acampadas. Isso o dia inteiro. “Somos em quatro para fazer a comida para todo mundo. É muita comida”, conta uma morador.
“Se eu não conseguir aqui, mas pelo menos cem pessoas conseguirem uma moradia aqui, para mim já vou estar satisfeito”, declara um morador.
Por nota, a Secretaria Municipal de Habitação disse que vai cadastrar as famílias que estão no local, mas que nenhuma delas vai ter prioridade no assentamento.
Fonte: G1

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